Vento não é certamente mas o bicho ataca de todas as maneiras...
(Hoje o P. não pára de vomitar desde a aula de dança, e se vento não é certamente será Covid,apesar de até agora estar negativo???!!!")
Faz lembrar o poema:
BALADA DA NEVE
Batem leve, levemente, Como quem chama por mim... Será chuva? Será gente? Gente não é certamente E a chuva não bate assim...
É talvez a ventania Mas há pouco, há poucochinho, Nem uma agulha bulia Na quieta melancolia Dos pinheiros do caminho...
Quem bate assim levemente, Com tão estranha leveza Que mal se ouve, mal se sente? Não é chuva, nem é gente, Nem é vento, com certeza.
Fui ver. A neve caía Do azul cinzento do céu, Branca e leve, branca e fria... – Há quanto tempo a não via! E que saudade, Deus meu!
Olho-a através da vidraça. Pôs tudo da cor do linho. Passa gente e, quando passa, Os passos imprime e traça Na brancura do caminho...
Fico olhando esses sinais Da pobre gente que avança E noto, por entre os mais, Os traços miniaturais Duns pezitos de criança..
E descalcinhos, doridos... A neve deixa inda vê-los Primeiro bem definidos, – Depois em sulcos compridos, Porque não podia erguê-los!...
Que quem já é pecador Sofra tormentos, enfim! Mas as crianças, Senhor, Porque lhes dais tanta dor?!... Porque padecem assim?!...
E uma infinita tristeza, Uma funda turbação Entra em mim, fica em mim presa. Cai neve na natureza.. – E cai no meu coração.
AUGUSTO GIL (Luar de Janeiro) (1873 - 1929) |
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