Um palhaço que finge,
Já sem saber fingir,
Um palhaço que faz rir,
Quando ele já não sabe sorrir,
Um palhaço que encena
Uma figura trapalhona,
Que caí, e se levanta,
E que finge não ser nada,
E quantas vezes ele já não caiu,
Nesta vida desvairada,
É o palhaço,
O palhaço das crianças,
É o palhaço que as encanta,
É a figura das esperanças,
E o palhaço já não tem esperança,
Por baixo daquela mascara, ele chora,
Mas chora baixinho,
Para ninguém saber que ele, o palhaço,
Também se lamenta, e também chora,
Ele que se lamente sozinho,
E o palhaço solta gargalhadas,
E o palhaço anda de roda,
E o palhaço sente as palmadas,
E o palhaço caí na próxima volta,
E ninguém quer saber do palhaço,
E ninguém quer saber de nós,
Porque nós somos os palhaços,
Que vos fazemos rir, e choramos sós,
Eu e tu somos palhaços,
E palhaços sois também vós...
1989
Sem comentários:
Enviar um comentário